domingo, 6 de dezembro de 2009

Beatriz

Que olhos são esses
Que não vejo mas sinto?
Porque te batem
Com a mão invisivel?

Mentir já não te chega,
Por mais que tentes (nem tentas).

A vida tem certos acasos.
Cruzamos-nos numa noite
Em quem se fez magia.

Dizes: "meu coração fala com o teu"
Eu digo: "tenta calar ambos".
Não consegues e por isso não mentes.

Sinto o teu pulsar no meu peito,
Na verdade sei que a distância
Não existe, desde essa noite.

Para longe é onde estás.
Não é verdade.
De longe se faz bem mais perto
Disse um dia alguem.

Quebrei tudo em mim para aceitar
O que sabia ser a certeza da amizade.

Estás perto de mim sempre.
Sem te ver, vejo o desespero que trazes.
Quebramos dia-a-dia a barreira do impossivel.
Conta-me histórias do que não sei.
Diz-me de ti!

Sinto-me capaz de te ter em frente
Fechar os olhos e sentir-te somente
Porque estarás sempre em mim mesmo que não fisicamente.

Viajar tem um sabor solitário.
Pois então que essa solidão
Sejamos nós de mãos dadas
Numa vida dura mas feliz.
Porque a amizade também se diz.

Desculpa-me a estupidez,
Desculpa-me ter-te empurrado
Para fora de uma amizade que queria.

Para fora do que sabia por certo.
Todos os dias ao telefone te peço desculpa,
Nas entrelinhas.

Este poema é fruto do que sinto,
Poderia escolher mil e um titulos
Que o mais maravilhoso seria e será para sempre
Beatriz.

(dedicado a : Ana Beatriz Ferreira da Costa Braz)

03/12/2009

LN

domingo, 1 de novembro de 2009

A vida é sò um dia da nossa real vida....

Coração para que bates
Se nenhum bate por ti?

Porque amo quem amo,
Se o sonho mais alto está em ti?

Para onde corres
Se a poesia fica aqui?

Coração és aquilo que sou!
Poesia.
28/03/2009
LN



Sigo o céu azul
E quando escuro fica,
Sigo correndo no mesmo sitio parado
O sonho de olhar sem ver,
O que gelado quente fica.
E que de tormento a tremor passa
Não tenho que fazer,
Sou um pobre violino
Que vê o sentido amor
De quem, para não chorar,
Me dá voz.
21/03/2009
LN


Um poeta sem dor
É um homem sem cor.
LN

Já vai sendo altura
De contas acertar com o Mundo.
De mãos dadas
Toda a ajuda é bem vinda.

É preciso lutar a favor desta causa
A causa que é de todos nós,
De toda esta Humanidade perdida
Num mundo virado do avesso!

É de todos a responsabilidade
De salvar esta multidão.
Não se trata de ajudar os outros só.
É também ajudar a si próprio.

Ajude os outros a tornar este planeta
No lugar que, outrora, fora.
O Mundo em pleno equilíbrio.

Porquê que invariavelmente
Cada vez mais o pensamento
Liga o Homem á maldade?

Vamos mudar este Mundo,
Lugar triste e só.
Deixemos de recuar para a frente,
Vamos mudar por ele,
Por nós!
Ajude, a ajudar.
05/01/2009
LN



A poesia não foi concebida
Para o poeta a sentir
Mas sim para dar oportunidade
A uma qualquer alma,
Que ao acaso ele usa
E mantém prisioneira,
De se exprimir
E dar a sentir
Seu mais profundo
Grito vindo das entranhas.
11/12/2008
LN

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Do longo assombro
Castelo que perdido está
Na densidade do bosque.

Árvores caídas
Cores pálidas
De onde, vivo, só o verde.
De onde, sem ser morte, nada se vê.

Outrora casa de amor
Hoje nada senão solidão sem ardor.
O tempo passa e com ele
Passo eu e todos.

E tu (?) onde andas tu?
Hoje estou só.
O amor não voltará.
Dor (!) em ti me alojo.

Porque é tão menos doloroso
De mim, a ti me entregar.

Passam noites passam dias
E pode a morte levar-me
Porque a sorte,
Essa à muito que me esqueceu!

Faço um caminho infinito
Nada mudará.
Serei sempre a guitarra portuguesa
A chorar o choro de outros.
21/03/2009
LN


Na alegria – o dia
Na dor – a noite.

Completam-se,
Dão sentido á vida.

Sem sentido, sou eu.
Morri e vivo numa leda madrugada.

Completam-se em mim.
A noite, de dor.
O dia, de alegria.

Deles é feito o sentido da vida,
Completam-na.

Em mim?
Ora; quem sou eu?!
Eu sou a alegria dolorosa,
A dor alegre de um vida,
Ou seja a decadência da noite.

Do dia?
Desse já não me lembro eu.
Sou um morto.
Vivo nesta leda madrugada
Entre o dia e a noite.

LN

Amor platónico

É por te amar
Que te ofereço.

É por te querer
Que te dou.

É por te querer
Que por ti chamo.

É por fazeres rir, chorar,
Manter o abraço e voar!

É por te amar
Que te quero,

Liberdade.

25/04/2009
LN



Cravo

Sapateado de piano
Este meu fado alentejano.
Capa da capa de quem sou
Fui a borboleta de um Abril,
O Abril de todos nós.

De revolta fez-se o grito que ecoa
Sobre a boca das espingardas.
Para que fosse sentido o combate
Vesti-me de vermelho
E não alheio o entender
Que sem disparo a batalha se ia fazer.

E assim foi,
Pois cravo que sou
De vermelho não fiz sangrar.
Cravo cravo neste Portugal
O vermelho de liberdade.

LN



o meu tesouro.
Sempre te tive
E nunca te valorizei!

Na vida e com o tempo,
Tudo o que nos rodeia muda.

E foi precisamente por não te ter
Que descobri, sem ti não poder viver.
Não peço a ninguém para compreender.
Apenas tu e eu podemos entender.

O amor que nos une é forte de mais.
Os laços de sangue não quebram jamais.
Somos o grito da rebeldia,
O aroma da nossa própria revolução.

Contigo quero consumir a vida.
De mãos dadas vamos para longe
Porque para nós o Mundo fica perto
E só a extravagancia universal
Nos acalma a alma.

Adoro quando me olhas
Doce e ternurenta.
Amo-te mais que tudo,
Acima de tudo e todos.

Por ti tudo
Sem ti nada
Resume-se assim
O meu amor por ti;
Sem fim.

Letras estas que somente são
Um pedaço crepusculoso do que sinto.
Porque este é um sentimento intimo
E que se partilha na voz calada
Da alma abalada pelo pensamento.

Nestes versos manifesto carinho
De uma maneira não habitual.
As provas do nosso amor
Tenho-as guardadas no coração
Que sagradas são.

Amo-te meu exuberante orgulho.
De irmão e amigo
Com sentido amor, irmã.

LN



Quando inspiro o horizonte
Sou toda aquela maresia
Onde sem seu aroma
Vida minha ficava vazia.

Tenho altos e baixos
Como sua ondulação
E é à beira da sua espuma
Que algo se mistura.

Joga harmonia com sedução
Será amor ou paixão?
Sei que no rebentar das ondas
Se desvanece de seguida as dúvidas.

É um novo delírio
Num estrondo envolvente
Tão suave como quente.

Sua espuma dá inicio
A tal historia romancista
E de realista a ilusionista
Sou já o surfista
Na crista da próxima onda.

Mas eu sou assim
Deixei morrer por aqui
Amores sem fim.

Á beira-mar
Meu nome torna-se letal,
Demasiado breve
Bem como envolvente.

E tudo acontece de repente
Num mundo onde o sentimento
Nunca mente!
Meu nome pouco importa;
Poesia.
De: 10/01/2009
A: 11/01/2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Ser Humano - Pessoa/Mundo

De que valores se regem os nossos valores enquanto Humanos que somos? Tenho duvidas e receio tentar sequer exercer esse exercício de reflexão sobre quem somos e o que realmente estamos cá a fazer.
O que direi de seguida mais não é que uma opinião minha fundamentada no pouco que sei, e que por isso deverá apenas ser interpretada como tal e nunca em situação alguma como um texto baseado em algo que não o que sei. A presente reflexão não é baseada em qualquer base sustentável sobre o assunto sendo, como de resto já o disse, apenas fruto do que penso e constato no dia-a-dia.
Todas as espécies com vida no Mundo sofreram alterações, evoluíram, e nós não contornámos essa verdade e evoluímos também. Somos hoje o Homo sapiens sapiens, Homem sábio sábio. Até que ponto o é?
Vou reflectir sobre a acção do Homem no Mundo e isso leva-me a uma outra questão imediata e controversamente embaraçosa para qualquer Humano consciente do que deveria ser o seu papel no mundo. O que fazemos para, pelos menos preservar o Mundo no equilíbrio natural que dele, é naturalmente característico é a pergunta. Pouco ou nada, na minha opinião.
A verdade é que a água, por exemplo, começa a escassear, o petróleo ainda mais e se a tudo isto juntarmos o buraco do ozono provocado pela poluição não temos decerto um panorama favorável para nós, habitantes da Terra.
Enquanto Seres Humanos, dotados de um cérebro magistralmente concebido para manifestar curiosidade e racionalidade, não somos capazes de manter o equilíbrio natural especialmente criado para subsistir sem a intervenção do Homem.
Posso então pensar, e não será descabido certamente, que o ser que sou (e todos somos) é um ser inacabado pela natureza. Na minha modesta mas convicta opinião, creio que não somos um erro da natureza, fruto de um esquecimento ancestral, apenas nos damos ao luxo de optar, de pensar e de agir e modificar o meio onde estamos.
De egoístas não passamos. Em nós apenas pensamos; bem, isso é o que cada ser vivo individualizado faz instintivamente. O ser Humano fá-lo também mas com a agravante e aqui sim, no caso unicamente humano, de ser dotado de características ímpares de todo e qualquer outro ser. O cérebro.
E assim chegamos ao Mundo de hoje, pé ante pé conseguimos o que hoje somos, uma máquina destruidora de vidas e ecossistemas. À partida, o cérebro de que dispomos seria motivo para sermos minimamente racionais e não servirmo-nos de tudo aquilo que nos é necessário e até do que não o é num excesso constantemente abusivo; mas o que certo é, é que exploramos o Mundo em excesso onde o excesso acaba por ser a nossa espécie.
Poderei estar a ser dramaticamente negro, porém, pensando bem não será quase numa exactidão bem real o que digo?
Invenções absurdamente tardias para poupar água e reduzir a utilização dos recursos naturais, por exemplo, o que são senão um ténue ressentimento em tom de pedido de desculpas pela arte egoísta do ser que somos?
Reparemos que hoje todos os gestos de preservação do planeta não são mais que actos egoístas de toda uma Humanidade perseguida pelo medo aterrorizante de extinguir a sua espécie por culpa própria.
Convenhamos que para mim é complicado falar do ser humano enquanto pessoa sem o relacionar simbioticamente com todo o Mundo em que se insere.
Surge-me outra questão:

Como poderemos ser justos para o Mundo se nem para nós o somos? A questão da Humanidade é tão misteriosa quanto envolvente na medida em que quanto mais sobre nós sabemos menos nos conhecemos.

Não sou eu nesta minha ainda tenra idade, que vou certamente encontrar as respostas para as questões que aqui apresento porque o propósito até não foi responder mas sim questionar e dar uma opinião. E sendo assim, como podemos discutir o futuro da vida na Terra se damos mais importância a um desacato num parque de estacionamento porque alguma “alminha” estacionou o seu automóvel no lugar que nós já tínhamos visto antes?
Como poderemos pensar na sobrevivência do nosso Mundo, nossa casa, se metade do tempo da nossa espécie (repito, dotada de um complexo cerebral especificamente concebido para a racionalidade) foi perdida em batalhas arduamente sofridas por questões territoriais? Terá valido tanta morte? Quem sou eu para fazer juízo de valores que sou apenas um ser de uma espécie agonizantemente mortífera e auto-destrutiva? Mas falando em questões de tempo não nos seria útil ter ao nosso dispor esse precioso tempo gasto a matar o próximo? Na minha opinião, só consigo relacionar-nos, como espécie distinta, de um modo. Relacioná-la com destruição. Relacioná-la com podridão onde quem perto dela está como ela ficará.
Se tenho vergonha de ser humano? Agora sim. Confesso que antes desta minha reflexão mais ou menos conseguida não pensava muito no tema embora de certo modo sempre tentei perceber de onde surgimos e para onde vamos. Muito provavelmente à imagem de todos vós. E eu sozinho o que poderei fazer? Tentar erguer este Mundo da podridão que dele se torna característico? Os que como eu querem mudar o rumo do mundo activamente não são mais que Cuba de Fidel coberta por uma multidão dispersamente separada que no meio da multidão humana é uma minoria. Fosse essa minoria multidão quem governa a hipocrisia das nossas civilizações e então o Mundo agiria em conformidade com o que nos rodeia, pois afinal somos todos apenas um rebanho às ordens de quem manda.
Talvez a mocidade me faça assim, rebelde, na abordagem a certas questões, mas o certo é que, por vezes pensar obriga-nos a procurar máscaras para encobrir a realidade. E a realidade é que não dá mais para esconder que o ser que construímos em torno de uma racionalidade distinta é o ser que somos numa realidade fracassada mas ainda não acabada.
Quem já não se perguntou o porquê da nossa existência? Todos, como já disse anteriormente, o devem ter, certamente, questionado. A minha opinião é a seguinte: afectividade à parte, todo o ser vivo age por instinto e o ser Humano não é excepção.
Tudo foi concebido com um fim, não duvido. O que duvido é da criação da espécie Humana, se nos foi desenvolvido (pela natureza ou por pura sorte, não vou discutir esse tema) um cérebro a fim de pensarmos e optarmos, porque agimos nós instintivamente por um instinto de auto-destruição? Se há quem defenda que houve vida em Marte porquê que já não há? Talvez sejamos um mero meio cíclico que aparece e desaparece de planeta em planeta. Pensa-se que algo acabou com a camada de ozono em Marte, parece-me que a ideia de “Ser Humano” é um elemento obviamente a ter em consideração. Seremos mesmo um meio cíclico que aparece apenas para encerrar ciclos planetários? Porque terei eu pensado nesta hipótese? É outro facto este de nada se saber sobre a mente Humana. Desengane-se quem pensa que se sabe muito sobre a Mente humana, a mais pura das ilusões. A cada descoberta conquistada sobre a mente nossa, dá-se um passo grande, mas para um vazio ainda maior.
Com tudo isto penso que o ser pessoa neste Mundo é algo em vias de extinção, eu sou humano e no entanto não me considero pessoa. No meio onde me encontro sou considerado Pessoa porque, e sem medo de assumir, movo-me ao sabor desta sociedade sempre em mudança e quase sempre com poucos resultados visíveis de bom senso. Temos uma responsabilidade para o Mundo como um pai para um filho e não me parece que tenhamos sido uns bons pais uma vez que, voltando a relacionar-nos com o Mundo, estamos em constante ruptura com mesmo. Pena que no momento de cada nascimento não venha incluído um manual de bom senso de modo a que seja lido e compreendido para que o Ser que somos seja um Ser patriota no sentido em que a pátria é o Planeta Terra no conjunto de vidas nele existente.
E assim chego ao fim desta minha reflexão sobre o “ser pessoa e a sua relação com o Mundo” dado que apenas me resta deixar um modo de ver o mundo como eu gostaria que todos o percebessem. Desta forma procuro deixar, de um modo poético, umas últimas palavras.

O que há no centro de uma orquestra que também deveria haver, e efectivamente há, no centro de toda a vida?
Bem, na orquestra é o maestro que com a sua astúcia e empenho dá azo a interpretações magistrais de ritmo, emoções, sensações e até de tentações sentidas á flor da pele. Coordenando simbioticamente todo um conjunto de músicos é a cabeça mais espectacular no seu meio, porque estudou para o conseguir, o que o liga com o Mundo? Vejamos, sendo ele o homem mais preparado para dirigir uma orquestra pensemos, quem no Mundo está mais vocacionado para dirigir o seu rumo? O Homem. É verdade, esse ser completo, a máquina perfeita que hoje eu aqui destronei. Terei destronado ou apenas aberto portas a uma visão real do que somos?
Quero acreditar que somos, enquanto Humanos, o ser mais espectacular que existe porque devemos encarar o mundo como uma composição orquestral que, poeticamente sentida, dará um sabor único ao ser único que todos somos nesta orquestra da vida em exibição neste grande palco, o Mundo.

Será que somos uma orquestra afinada? E nós, seremos uns bons maestros?

Saudações
LN (Lobo da Noite)

domingo, 2 de agosto de 2009

algo do que sou

Escrevo só para largar mágoa.
Vivo de amor
E escrevo por dor
Estará a morrer-me a alma?
Não!
Apenas tenho tristeza,
Melancolia fugaz,
Vaga nostalgia.

Escrevo no presente,
O que sei do passado,
O que não sei do futuro
E tudo parece duro.

Sou um poeta solitário.
Um lobo da noite
Perdido na escuridão
Que me envolve a alma
E me destrói o coração.

LN


(…)
O Reverso de amar
Lembro-me de quando te fazia oceano,
Só para em ti mergulhar de prazer.
Recordar-me de quando te fiz meu sol,
Apenas para me aqueceres a alma.
Também te fiz jardim de rosas,
Simplesmente pelo gosto do teu aroma.
E fiz-te lua,
Para me clarear as noites

No fim afogaste-me nesse prazer,
Queimaste-me a alma,
As rosas do teu jardim tinham espinhos
E o meu lugar desapareceu.
Só porque foste e voaste.

LN


Hoje estás aqui
Tão bela e formosa
Quanto enamorado estou de ti.

Mas é um tormento porque estás aqui
E tenho o infortúnio de não te tocar
A pressão de não te poder beijar
E a certeza de estares aqui e não te ter.

Mesmo podendo falar contigo
E até olhar-te nos olhos
Não te posso ter.
É um tormento não te ter.

Como se um dia colhesse uma rosa
Que não tardaria em padecer.
Sucumbiria com falta de alimento,
Espelho de mim neste tormento.

E tu és essa rosa que eu colheria,
Mas que não colhi.
Se te colhesse, acabarias.
Com Falta de alimento
Como eu neste tormento.

É um amor que não consigo dar.
Não dou porque não posso.
É um tormento querer e não poder.

Ao desistir desta formosa rosa,
É por amor!
Afinal fico feliz por ela o estar.
Em contrário não o fico,Por não estar comigo.

LN


Sinto-te de uma intensidade tão extrema
Que de mão fechada nela te guardo.
Quão formada a mim chegaste
Tão mais de mim partiste.
Tão minha, agora, na minha fraqueza,
Quanto minha foste na minha plenitude.
Teu aroma na minha essência perdura
Como o contrário já não o é!
Fado o meu que assim o quis.
Destino teu que de mim te afastou.
Mas afastado não estou de te amar
Porque extasiado fico só de em ti pensar
Será que o amor e cego?
Não.
Cego é quem amo como eu!
Que faço de ti o ar que precisa a minha alma
E que embora de passado eu não passe
E por ti que respiro
E para ti que vivo

LN


Gelado e abandonado

Olhei.
Voltei a olhar.
Uma e outra vez.

Não estavas!
Partiste de mim
Deixaste o corpo gelado e abandonado
Levaste-lhe a alma.
Também já não importa,
Não tenho nada,
Estou perdido
Gelado e abandonado.

LN


Há um fogo

Há um fogo,
Que arde.
Arde e não o vejo.
Mas sinto-o arder bem perto.
E quando estás comigo
Sinto-o arder dentro de mim.

Cada vez mais forte
Numa força estonteante,
Deveras inquietante.
Por vezes incomoda,
Incomoda ter esse fogo dentro e mim.
Que arde,
Arde e só o consigo sentir

Tão forte quando estás comigo,
Tão forte quando não estás
E tão impotente por não te ter.

Incomoda…
Ter esse fogo dentro de mim
Que arde
Arde e só o consigo sentir

Sinto-o dentro de mim
É daquelas chamas
Que sem querer despertam.

Tão forte quando estás comigo
Tão forte quando não estás
Tão impotente por não te ter.

Arde,
Arde
E só tu fazes arder
O fogo que sinto,
Que é meu
E teu,
O fogo do amor!

LN


África, a menina mulher

Tão menina e já tão crescida
Cresceu no que lhe não deu a mocidade.
É assim onde faz sol!
A menina depressa se fez mulher
E não brincou de mulherzinha.

Não a deixaram viver a mocidade
E de lá a tiraram!

Oh! Agora mesmo lá vem ela,
Pula de contentamento
Só por lhe desenvolver
O que certo dia,
Demasiado cedo,
Lhe roubaram,
A liberdade!

Hoje é feliz,
A menina crescida pode agora viver a mocidade
E brincar de mulherzinha.
Lá vem ela de sorriso lunático
Porque tem na sua cabeça uma certeza
A de que como o passado duro
Não lhe há-de ser o futuro.
(A todas as crianças exploradas em África)

LN


O dia está cinzento
Como de cinza é feito meu coração.
Fruto de um fogo que ardeu,
Fruto de um amor que morreu.

Fogo que eu te dava,
Fogo que tu me davas.
Falta a chama que nos aquecia a alma.
Quero o fogo que me prometeste,
Não a cinza que me deste.

Apaixonado assim eu sou,
Do jeito que me tocavas
Nunca ninguém me tocou
Onde ia nosso olhar
Poderia ir nosso amor!

Enamorado sonhador
Que de mil sonhos
Jamais sonhou esta realidade.
A de te ter tido
E presentemente não te ter.

LN


Ontem, Hoje, Amanhã e sempre poesia

Ontem era folha.
Foi árvore
E floresta.

Mas poderia ser criança,
Homem
Ou até sábio!

Hoje é gota
Depois rio
E oceano.

Não lhe ficaria mal
Se fosse sonho
Realidade
Ou imaginação.

Amanhã será sol,
A seguir lua
E estrelas.

E no entanto poderia ser
Azul, lilás, verde
Ou até de todas as cores.

Talvez um dia seja saudade,
Dor silêncio
Mas agora é alegria e paixão.

Porque tudo isto válido
Tudo isto è nosso
Porque tudo è Poesia.

LN


O Segredo

Às vezes acredito que há um portão
Que nos separa.
Do outro lado
Tu gritas: SONHA!

Sonhar, faço-o sempre.
Não sei se vivo vida de sonho
Ou se sonho a vida que vivo
Sei que sonho,
Isso acalma-me.

O segredo é sonhar
E eu tento perceber
Se sou feliz ao sonhar
Ou triste,
Por apenas o conseguir fazer.

Será amor sonhar
Ou sonhar amar?
Afinal entre nós está um portão
Onde o segredo é sonhar.

LN


(Poema aos sem abrigo)

Cai a noite,
Saímos á rua,
Nela nua dormimos.

Num banco de jardim
É o vento quem nos aquece,
É tudo o que temos.

Nas esquinas habituais
Esperamos o ansiado jantar
Que já foi jantado.

A mesa é composta de
Toalha de joelhos,
Prato de coxa
E talheres de cinco pontas

Jantamos
A mesma merda,
Perdão, a ementa de sempre.
É servida com aroma
De contentor,
Quentinha
Á temperatura de Árctico.
Por vezes até a temperam,
Com lixívias e outros químicos.

Agora de”fundos “ tapados
Seguimos até aos quartos
Onde dormimos ao barulho das luzes,
As de presença. (chamemos-lhes assim)

Se na rua avistar alguém a dormir
Não nos estranhem.
A vida deu-nos a rua como casas.

Os jardins como quartos.
Os bancos como cama.
E muitas Vezes o vento,
Como manta!


LN


Ao estar aqui sentado,
Neste dia iluminado de escuridão,
Que na realidade é um espelho do que sou,
Faz-me perceber o lado negro e sombrio
Que tudo o que nos rodeia tem.

Hoje, mesmo que não haja mais ninguém,
O tempo tenho comigo
Que de luto está.
Tem dor
Veste-se de escuridão.

E apenas um fenómeno natural sei eu.
O tempo não foi abandonado,
Não tem alguém que o deveria acompanhar,
Mas não o faz.

Também não vive com esta sensação
De haver alguém que o devia amar
E que não ama.

Sendo assim, tenho a minha própria companhia
Porque o tempo espelha o que sou
Por mera casualidade.

Já nada sinto
A não ser esta vontade de sair,
Sair desta tristeza,
Revolta e angustia,
Dor e escuridão.
Que tudo junto faz de mim
O que sou,
O poeta da dor.

LN


Existe algo de magico no teu olhar.
Um certo ilusionismo de naufraga.
Entrar nele é fazer parte
D’um oceano de sentimentos.
D’uma viagem de naufrago
Onde o mais belo sentido da vida
No faz andar á tona.

Nele cruzei oceanos,
Caminhos desconhecidos,
Alcancei o inalcançável,
Superei toda a supremacia divina,
Descobri que a magia do teu olhar
É a mais bela historia de amor
Que outrora tomara sabor.

Em teu sorriso há um toque de suavidade
Que no fundo é como me sinto, suave.
Tal e qual um pedaço de algodão
Ou areia fina no verão.

O teu cabelo macio
Faz-me não merece-lo.
A cada caracol sombrio
Parece-me, algo partiu.
Será dor ou alegria?
Afinal foi no fim
Desse poço sem fundo
Onde me perdi e encontrei.

Vagueia-me na memória
Um sonho que sonhei,
Um olhar mágico,
Um sorriso suave,
Uma ondulação de cabelo sombria
Numa mulher que amei,
Somente a face não desvendei.

Quando estou só,
Escuto a minha alma.
Nela leio o som calado da sua voz.

No entretanto, e envolto em paixão
Entro no sonho já sonhado
E seu rosto deu cor,
Ao rosto acinzentado do sonho.

Dizes-me para te explica
O sentido da palavra amor.
E amor pode ser tudo,
Ou nada.

Pode ser isto, aquilo,
Ou nada.

Chuva, sol,
Frio, calor,
Ou nada.

Pode ser o espinho, rosa,
A água, ou fogo,
Ou nada.

O momento, a eternidade,
O choro, o sorriso,
Ou nada.

Pode ser o beijo, o toque,
Distante, próximo,
Suave, carregado,
Sensual, agressivo,
Ou nada.

Talvez amor seja tudo, ou nada.
Superior ao que se lê
Num qualquer dicionário,
Amor é a mais bela
Junção de consoantes e vogais.
É o vocábulo que sem sentido nem explicação
Se revela no mais puro sentido da explicação.

É abstracto? É!
É complicado? É!
Se é inconclusivo?! Pois…
É amor!

Incerto na certeza
É o grito silencioso
Da alma calada
Pelo coração ansioso
De consumir o pecado.

Mas porque tento explicar
O que não tem explicação?
Porque escrevo o que não entendo?
E porque falo, se não sei de que falo?

Só quem ama sabe o que é amar.
Porque amor é quando se ama
E ainda assim é um significado
Que quando verdadeiro e real
Só se explica a dois,
Entre dois,
Sempre na intimidade

Sempre na voz calada
Da alma abalada
Pelo coração em chama.

Porque todos os pensamentos,
Todos os desejos,
Todas as expectativas
Nascem sem palavras
E partilham-se numa alegria calada.

Amar é como uma ave,
Que metida na gaiola de palavras
Pode abrir as asas,
Mas não pode voar
De: 22\9\2008
A: 19\10\2008