domingo, 2 de agosto de 2009

algo do que sou

Escrevo só para largar mágoa.
Vivo de amor
E escrevo por dor
Estará a morrer-me a alma?
Não!
Apenas tenho tristeza,
Melancolia fugaz,
Vaga nostalgia.

Escrevo no presente,
O que sei do passado,
O que não sei do futuro
E tudo parece duro.

Sou um poeta solitário.
Um lobo da noite
Perdido na escuridão
Que me envolve a alma
E me destrói o coração.

LN


(…)
O Reverso de amar
Lembro-me de quando te fazia oceano,
Só para em ti mergulhar de prazer.
Recordar-me de quando te fiz meu sol,
Apenas para me aqueceres a alma.
Também te fiz jardim de rosas,
Simplesmente pelo gosto do teu aroma.
E fiz-te lua,
Para me clarear as noites

No fim afogaste-me nesse prazer,
Queimaste-me a alma,
As rosas do teu jardim tinham espinhos
E o meu lugar desapareceu.
Só porque foste e voaste.

LN


Hoje estás aqui
Tão bela e formosa
Quanto enamorado estou de ti.

Mas é um tormento porque estás aqui
E tenho o infortúnio de não te tocar
A pressão de não te poder beijar
E a certeza de estares aqui e não te ter.

Mesmo podendo falar contigo
E até olhar-te nos olhos
Não te posso ter.
É um tormento não te ter.

Como se um dia colhesse uma rosa
Que não tardaria em padecer.
Sucumbiria com falta de alimento,
Espelho de mim neste tormento.

E tu és essa rosa que eu colheria,
Mas que não colhi.
Se te colhesse, acabarias.
Com Falta de alimento
Como eu neste tormento.

É um amor que não consigo dar.
Não dou porque não posso.
É um tormento querer e não poder.

Ao desistir desta formosa rosa,
É por amor!
Afinal fico feliz por ela o estar.
Em contrário não o fico,Por não estar comigo.

LN


Sinto-te de uma intensidade tão extrema
Que de mão fechada nela te guardo.
Quão formada a mim chegaste
Tão mais de mim partiste.
Tão minha, agora, na minha fraqueza,
Quanto minha foste na minha plenitude.
Teu aroma na minha essência perdura
Como o contrário já não o é!
Fado o meu que assim o quis.
Destino teu que de mim te afastou.
Mas afastado não estou de te amar
Porque extasiado fico só de em ti pensar
Será que o amor e cego?
Não.
Cego é quem amo como eu!
Que faço de ti o ar que precisa a minha alma
E que embora de passado eu não passe
E por ti que respiro
E para ti que vivo

LN


Gelado e abandonado

Olhei.
Voltei a olhar.
Uma e outra vez.

Não estavas!
Partiste de mim
Deixaste o corpo gelado e abandonado
Levaste-lhe a alma.
Também já não importa,
Não tenho nada,
Estou perdido
Gelado e abandonado.

LN


Há um fogo

Há um fogo,
Que arde.
Arde e não o vejo.
Mas sinto-o arder bem perto.
E quando estás comigo
Sinto-o arder dentro de mim.

Cada vez mais forte
Numa força estonteante,
Deveras inquietante.
Por vezes incomoda,
Incomoda ter esse fogo dentro e mim.
Que arde,
Arde e só o consigo sentir

Tão forte quando estás comigo,
Tão forte quando não estás
E tão impotente por não te ter.

Incomoda…
Ter esse fogo dentro de mim
Que arde
Arde e só o consigo sentir

Sinto-o dentro de mim
É daquelas chamas
Que sem querer despertam.

Tão forte quando estás comigo
Tão forte quando não estás
Tão impotente por não te ter.

Arde,
Arde
E só tu fazes arder
O fogo que sinto,
Que é meu
E teu,
O fogo do amor!

LN


África, a menina mulher

Tão menina e já tão crescida
Cresceu no que lhe não deu a mocidade.
É assim onde faz sol!
A menina depressa se fez mulher
E não brincou de mulherzinha.

Não a deixaram viver a mocidade
E de lá a tiraram!

Oh! Agora mesmo lá vem ela,
Pula de contentamento
Só por lhe desenvolver
O que certo dia,
Demasiado cedo,
Lhe roubaram,
A liberdade!

Hoje é feliz,
A menina crescida pode agora viver a mocidade
E brincar de mulherzinha.
Lá vem ela de sorriso lunático
Porque tem na sua cabeça uma certeza
A de que como o passado duro
Não lhe há-de ser o futuro.
(A todas as crianças exploradas em África)

LN


O dia está cinzento
Como de cinza é feito meu coração.
Fruto de um fogo que ardeu,
Fruto de um amor que morreu.

Fogo que eu te dava,
Fogo que tu me davas.
Falta a chama que nos aquecia a alma.
Quero o fogo que me prometeste,
Não a cinza que me deste.

Apaixonado assim eu sou,
Do jeito que me tocavas
Nunca ninguém me tocou
Onde ia nosso olhar
Poderia ir nosso amor!

Enamorado sonhador
Que de mil sonhos
Jamais sonhou esta realidade.
A de te ter tido
E presentemente não te ter.

LN


Ontem, Hoje, Amanhã e sempre poesia

Ontem era folha.
Foi árvore
E floresta.

Mas poderia ser criança,
Homem
Ou até sábio!

Hoje é gota
Depois rio
E oceano.

Não lhe ficaria mal
Se fosse sonho
Realidade
Ou imaginação.

Amanhã será sol,
A seguir lua
E estrelas.

E no entanto poderia ser
Azul, lilás, verde
Ou até de todas as cores.

Talvez um dia seja saudade,
Dor silêncio
Mas agora é alegria e paixão.

Porque tudo isto válido
Tudo isto è nosso
Porque tudo è Poesia.

LN


O Segredo

Às vezes acredito que há um portão
Que nos separa.
Do outro lado
Tu gritas: SONHA!

Sonhar, faço-o sempre.
Não sei se vivo vida de sonho
Ou se sonho a vida que vivo
Sei que sonho,
Isso acalma-me.

O segredo é sonhar
E eu tento perceber
Se sou feliz ao sonhar
Ou triste,
Por apenas o conseguir fazer.

Será amor sonhar
Ou sonhar amar?
Afinal entre nós está um portão
Onde o segredo é sonhar.

LN


(Poema aos sem abrigo)

Cai a noite,
Saímos á rua,
Nela nua dormimos.

Num banco de jardim
É o vento quem nos aquece,
É tudo o que temos.

Nas esquinas habituais
Esperamos o ansiado jantar
Que já foi jantado.

A mesa é composta de
Toalha de joelhos,
Prato de coxa
E talheres de cinco pontas

Jantamos
A mesma merda,
Perdão, a ementa de sempre.
É servida com aroma
De contentor,
Quentinha
Á temperatura de Árctico.
Por vezes até a temperam,
Com lixívias e outros químicos.

Agora de”fundos “ tapados
Seguimos até aos quartos
Onde dormimos ao barulho das luzes,
As de presença. (chamemos-lhes assim)

Se na rua avistar alguém a dormir
Não nos estranhem.
A vida deu-nos a rua como casas.

Os jardins como quartos.
Os bancos como cama.
E muitas Vezes o vento,
Como manta!


LN


Ao estar aqui sentado,
Neste dia iluminado de escuridão,
Que na realidade é um espelho do que sou,
Faz-me perceber o lado negro e sombrio
Que tudo o que nos rodeia tem.

Hoje, mesmo que não haja mais ninguém,
O tempo tenho comigo
Que de luto está.
Tem dor
Veste-se de escuridão.

E apenas um fenómeno natural sei eu.
O tempo não foi abandonado,
Não tem alguém que o deveria acompanhar,
Mas não o faz.

Também não vive com esta sensação
De haver alguém que o devia amar
E que não ama.

Sendo assim, tenho a minha própria companhia
Porque o tempo espelha o que sou
Por mera casualidade.

Já nada sinto
A não ser esta vontade de sair,
Sair desta tristeza,
Revolta e angustia,
Dor e escuridão.
Que tudo junto faz de mim
O que sou,
O poeta da dor.

LN


Existe algo de magico no teu olhar.
Um certo ilusionismo de naufraga.
Entrar nele é fazer parte
D’um oceano de sentimentos.
D’uma viagem de naufrago
Onde o mais belo sentido da vida
No faz andar á tona.

Nele cruzei oceanos,
Caminhos desconhecidos,
Alcancei o inalcançável,
Superei toda a supremacia divina,
Descobri que a magia do teu olhar
É a mais bela historia de amor
Que outrora tomara sabor.

Em teu sorriso há um toque de suavidade
Que no fundo é como me sinto, suave.
Tal e qual um pedaço de algodão
Ou areia fina no verão.

O teu cabelo macio
Faz-me não merece-lo.
A cada caracol sombrio
Parece-me, algo partiu.
Será dor ou alegria?
Afinal foi no fim
Desse poço sem fundo
Onde me perdi e encontrei.

Vagueia-me na memória
Um sonho que sonhei,
Um olhar mágico,
Um sorriso suave,
Uma ondulação de cabelo sombria
Numa mulher que amei,
Somente a face não desvendei.

Quando estou só,
Escuto a minha alma.
Nela leio o som calado da sua voz.

No entretanto, e envolto em paixão
Entro no sonho já sonhado
E seu rosto deu cor,
Ao rosto acinzentado do sonho.

Dizes-me para te explica
O sentido da palavra amor.
E amor pode ser tudo,
Ou nada.

Pode ser isto, aquilo,
Ou nada.

Chuva, sol,
Frio, calor,
Ou nada.

Pode ser o espinho, rosa,
A água, ou fogo,
Ou nada.

O momento, a eternidade,
O choro, o sorriso,
Ou nada.

Pode ser o beijo, o toque,
Distante, próximo,
Suave, carregado,
Sensual, agressivo,
Ou nada.

Talvez amor seja tudo, ou nada.
Superior ao que se lê
Num qualquer dicionário,
Amor é a mais bela
Junção de consoantes e vogais.
É o vocábulo que sem sentido nem explicação
Se revela no mais puro sentido da explicação.

É abstracto? É!
É complicado? É!
Se é inconclusivo?! Pois…
É amor!

Incerto na certeza
É o grito silencioso
Da alma calada
Pelo coração ansioso
De consumir o pecado.

Mas porque tento explicar
O que não tem explicação?
Porque escrevo o que não entendo?
E porque falo, se não sei de que falo?

Só quem ama sabe o que é amar.
Porque amor é quando se ama
E ainda assim é um significado
Que quando verdadeiro e real
Só se explica a dois,
Entre dois,
Sempre na intimidade

Sempre na voz calada
Da alma abalada
Pelo coração em chama.

Porque todos os pensamentos,
Todos os desejos,
Todas as expectativas
Nascem sem palavras
E partilham-se numa alegria calada.

Amar é como uma ave,
Que metida na gaiola de palavras
Pode abrir as asas,
Mas não pode voar
De: 22\9\2008
A: 19\10\2008