terça-feira, 6 de outubro de 2009

Do longo assombro
Castelo que perdido está
Na densidade do bosque.

Árvores caídas
Cores pálidas
De onde, vivo, só o verde.
De onde, sem ser morte, nada se vê.

Outrora casa de amor
Hoje nada senão solidão sem ardor.
O tempo passa e com ele
Passo eu e todos.

E tu (?) onde andas tu?
Hoje estou só.
O amor não voltará.
Dor (!) em ti me alojo.

Porque é tão menos doloroso
De mim, a ti me entregar.

Passam noites passam dias
E pode a morte levar-me
Porque a sorte,
Essa à muito que me esqueceu!

Faço um caminho infinito
Nada mudará.
Serei sempre a guitarra portuguesa
A chorar o choro de outros.
21/03/2009
LN


Na alegria – o dia
Na dor – a noite.

Completam-se,
Dão sentido á vida.

Sem sentido, sou eu.
Morri e vivo numa leda madrugada.

Completam-se em mim.
A noite, de dor.
O dia, de alegria.

Deles é feito o sentido da vida,
Completam-na.

Em mim?
Ora; quem sou eu?!
Eu sou a alegria dolorosa,
A dor alegre de um vida,
Ou seja a decadência da noite.

Do dia?
Desse já não me lembro eu.
Sou um morto.
Vivo nesta leda madrugada
Entre o dia e a noite.

LN

Amor platónico

É por te amar
Que te ofereço.

É por te querer
Que te dou.

É por te querer
Que por ti chamo.

É por fazeres rir, chorar,
Manter o abraço e voar!

É por te amar
Que te quero,

Liberdade.

25/04/2009
LN



Cravo

Sapateado de piano
Este meu fado alentejano.
Capa da capa de quem sou
Fui a borboleta de um Abril,
O Abril de todos nós.

De revolta fez-se o grito que ecoa
Sobre a boca das espingardas.
Para que fosse sentido o combate
Vesti-me de vermelho
E não alheio o entender
Que sem disparo a batalha se ia fazer.

E assim foi,
Pois cravo que sou
De vermelho não fiz sangrar.
Cravo cravo neste Portugal
O vermelho de liberdade.

LN



o meu tesouro.
Sempre te tive
E nunca te valorizei!

Na vida e com o tempo,
Tudo o que nos rodeia muda.

E foi precisamente por não te ter
Que descobri, sem ti não poder viver.
Não peço a ninguém para compreender.
Apenas tu e eu podemos entender.

O amor que nos une é forte de mais.
Os laços de sangue não quebram jamais.
Somos o grito da rebeldia,
O aroma da nossa própria revolução.

Contigo quero consumir a vida.
De mãos dadas vamos para longe
Porque para nós o Mundo fica perto
E só a extravagancia universal
Nos acalma a alma.

Adoro quando me olhas
Doce e ternurenta.
Amo-te mais que tudo,
Acima de tudo e todos.

Por ti tudo
Sem ti nada
Resume-se assim
O meu amor por ti;
Sem fim.

Letras estas que somente são
Um pedaço crepusculoso do que sinto.
Porque este é um sentimento intimo
E que se partilha na voz calada
Da alma abalada pelo pensamento.

Nestes versos manifesto carinho
De uma maneira não habitual.
As provas do nosso amor
Tenho-as guardadas no coração
Que sagradas são.

Amo-te meu exuberante orgulho.
De irmão e amigo
Com sentido amor, irmã.

LN



Quando inspiro o horizonte
Sou toda aquela maresia
Onde sem seu aroma
Vida minha ficava vazia.

Tenho altos e baixos
Como sua ondulação
E é à beira da sua espuma
Que algo se mistura.

Joga harmonia com sedução
Será amor ou paixão?
Sei que no rebentar das ondas
Se desvanece de seguida as dúvidas.

É um novo delírio
Num estrondo envolvente
Tão suave como quente.

Sua espuma dá inicio
A tal historia romancista
E de realista a ilusionista
Sou já o surfista
Na crista da próxima onda.

Mas eu sou assim
Deixei morrer por aqui
Amores sem fim.

Á beira-mar
Meu nome torna-se letal,
Demasiado breve
Bem como envolvente.

E tudo acontece de repente
Num mundo onde o sentimento
Nunca mente!
Meu nome pouco importa;
Poesia.
De: 10/01/2009
A: 11/01/2009