segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

hoje apenas hoje

Não há poemas que descrevam o que sinto hoje, hoje sou eu sem o ser e por sê-lo e sabê-lo sou já outro que não eu e no entanto não saio de mim.
Porquê? Porquê que as rosas me tocam com seus espinhos e eu pareco compôr ao piano da imaginação uma história só minha e de mais ninguem?
Porquê que nunca digo que as flores nao me interessam? Eu sei porquê mas não digo porque não quero.
Porquê? Porquê?
Porquê que as flores morrem?
Não me morras nas mãos rosa negra não!
De que me serve esta vida? De que me serve esta vida se amanhã não tenho outra voz comigo?
que miséria é esta? De que serve tudo isto? Não não me digas que já foste.
Mas foste...

Já alguem disse que a vida é um rio e que o vamos ter de passar de qualquer modo por isso não pensemos em ninguem, oh mas é triste é triste é triste e triste por amor de quem não acredito é por isto é por isto é!!!
Porquê?
Não me deixes este caminho sozinho não!
Não há poesia de perder alguem assim, que se calem as vozes que fuja o perdão, que se danem as pessoas que se renegue o Fado, que se atraiçoe as guitarras gemendo e que a saudade seja a ilusão do passado escrito no presente, que o piano nao chore porque na verdade não chora. Eu sei que a chama do chamar por nós ja não existe e nunca voltará.

Calem as bocas do mundo deixem-me só nesta solidão que não quero mas preciso.
Porque eu quero o que não quero.
Porque eu tenho o que não sei o que é.

Que o verde seja só o negro e o negro seja o azul de que o veremelho ja foi, e que esse encarnado seja o branco que a paz nunca teve. Porque a paz nunca existiu e tudo o resto só; partiu.

Falta-me a hora de regressar á felicidade que afinal tenho mas apenas quando dispo esta minha pele de Lobo. Sou o Lobo de uma noite perdida na noite de todos vós.

Sonho e quando sonho sinto que estou acordado e quando acordo recordo-me do que não sonhei, porque na realidade o sonho é apenas o acordar de uma manhã orvalhada de um manto humidamente sarcástico.
Eu quero a noite, só mais uma noite a sós com quem não vem.
vou-me embora agora, já nem escrevo nem penso, ja só sou apenas o que sou, um Lobo, perdido e á espera do que não virá, pelo menos hoje.

Hoje sou só eu a ser eu e isso é nao ser nada, apenas eu.

ASS: Lobo da Noite in: Uma noite perdida no longinquo nada de vós.